sábado, 29 de novembro de 2014

O Centurião e o Cristo

O centurião e o Cristo

O romance Herculânum tem como enredo o ambiente familiar e o círculo de amizades do patrício romano Cáius Lucílius, na cidade de Herculânum. O pano de fundo é a erupção do Vesúvio, no ano 79 d.C., que sepultou a referida cidade e Pompeia.
Como sobrevivente da tragédia, o mencionado personagem perambula na região de Nápoles e vem a ser acolhido por um eremita. Após superar o cansaço e a fraqueza, quando recobrou a consciência, iniciou um diálogo com seu benfeitor – que se identificou como “pai” João e seguidor do Cristo. Na ocasião, Cáius Lucílius confirmou que já havia recebido algumas informações superficiais sobre a nova “seita” da Judeia. Com o tempo, o eremita revelaria sua verdadeira identidade: o Centurião Quirílius Cornélius – que manteve contatos diretos com o Cristo, contando trechos de sua vida, inclusive que teria conhecido o avô de Cáius, à época comandante de uma legião nas Gálias.
Cáius então comenta que, pela primeira vez em sua vida, sentia-se só e abandonado. No diálogo, “pai” João lhe revelou que foi cristão dos primeiros tempos e que, àquela época, fora incumbido pelo seu comandante para realizar “um trabalho secreto”,1 dirigindo-se a ele nestes termos:
[...] o teu conhecimento da língua popular tornará mais fácil: parece que há mais de dois anos um homem de Nazaré, chamado Jesus, anda a percorrer em todos os sentidos a Galileia e as províncias limítrofes, pregando uma nova doutrina, curando enfermos e fazendo outros milagres. Nada disso me interessa nem me preocuparia, se não houvesse recebido do Sumo Pontífice um aviso secreto, que denuncia nesse homem propósitos políticos, por isso que se inculca descendente de antigos monarcas e pretende ser aclamado rei de Israel. [...]1
Atendendo às orientações de seu comandante, o centurião Cornélius se disfarça e se infiltra no meio do povo que seguia o Cristo. Em pouco tempo, ele reconheceu que se tratava de “uma personalidade única, a irradiar um encanto e um fascínio irresistível”.1 Quirílius Cornélius, profundamente impressionado com as pregações do Cristo, ficou intrigado:
[...] de como pudesse uma tal criatura ser considerada perigosa, de vez que o desprendimento por ele predicado só poderia tornar os homens desambiciosos e humildes.1
Passado algum tempo, o centurião Cornélius, em Jerusalém, soube que o Cristo estaria sendo julgado. Inconformado perguntou:
– E foi condenado o inocente? Como pôde Pilatos sancionar uma tal iniquidade?1
Chegando ao local dos infaustos acontecimentos, prossegue relatando:
[...] o preso foi confiado à minha guarda, até o instante em que devia partir, com dois outros condenados, para o lugar do suplício. [...] Fingindo rigorosa vigilância, postei-me à porta do compartimento [...]. Foi então que vi Jesus ajoelhado [...].1
Há diálogos entre o centurião e o Cristo. O autor espiritual identificou encarnações subsequentes do nobre soldado romano. Mas o importante foi sua efetiva conversão ao Cristianismo:
[...] pude compreender que, em tornar-me cristão, iria adquirir um grande benefício, qual o de aliviar os derradeiros momentos da vida terrena [...]2
No final do romance, há informações espirituais oportunas, relacionadas com os momentos da atualidade:
[...] “Baixai, misturai-vos com os vossos irmãos encarnados, provai-lhes a sobrevivência, a imortalidade, a cadeia engendrada pelo mal e poupai-lhe, dessarte, um demorado arrependimento mediante tremendas expiações.” A essa palavra de ordem, falanges se abalarão do Invisível e a Terra se coalhará de missionários obscuros, que, por suas faculdades, permitirão aos desencarnados manifestarem-se aos homens, deixando-se controlar de todos os modos. E, então, uma luta encarniçada se empenhará entre o cepticismo presunçoso e a verdade que não mais poderá ser abafada.
“Deveis visualizar, desde já, essa época de grandes lutas intelectuais, preparando-vos para atravessá-la em etapas sucessivas. Se, a esse tempo, tiverdes adquirido a força para o bom combate, ou seja, o domínio das próprias paixões, a fim de corresponder ao ataque do adversário, que não mais vos queimará o corpo mas há-de ulcerar-vos a alma – grande será a vossa recompensa e podereis, quem sabe, deixar este calabouço da Terra para ascenderdes a uma esfera melhor. Sonhai com esse futuro, caros irmãos atônitos, e trabalhai, pois áspero será o embate e… – ai de vós – ‘muitos serão os chamados e poucos os escolhidos’.”2
Fato histórico e curioso ocorreu com o tradutor de Herculânum, o ex-presidente da FEB, Manuel Quintão,3 ao vi sitar Chico Xavier na Fazenda Modelo, em Pedro Leopoldo (MG), quando eram lidos trechos do romance, tradução de 1937. Eis o relato de Quintão:
[...] vamos transcrever a curiosa mensagem que o anfitrião recolhera num dos seus serões íntimos, quando lia e comentava Herculanum, o precioso romance mediúnico do Conde Rochester, por nós traduzido. Neste comunicado, há dois pontos importantes a considerar: o primeiro, é que não se trata de uma obra de ficção, qual se poderia presumir, e o segundo, é que Emmanuel, este luminar da Espiritualidade renovadora dos nossos tempos, promete-nos para breve o romance da sua própria vida na Terra, ao tempo de Jesus, quando se chamou Publius Lentulus, altaneiro patrício romano.4
Emmanuel escreve significativa mensagem corroborando informações de Herculânum e anuncia:
“Algum dia, se Deus mo permitir, falar-vos-ei do orgulhoso patrício Publius Lentulus, a fim de algo aprenderdes nas dolorosas experiências de uma alma indiferente e ingrata”.5
Trechos desta mensagem, obtida no dia 7 de setembro de 1938, foram introduzidos na apresentação de Há dois mil anos.
O senador Publius Lentulus desencarnou em Pompeia durante a mesma erupção vulcânica. E no final do romance Há dois mil anos há assertivas espirituais coerentes com as de Rochester:
Numerosas legiões de seres espirituais volitaram, por vários dias, nos céus caliginosos e tristes de Pompeia.
Ao cabo de longas perturbações, Publius Lentulus e os filhos despertaram, ali mesmo, sobre o túmulo nevoento da cidade morta. [...]
Contudo, após as primeiras lamentações, ouviu uma voz cariciosa que lhe dizia brandamente:
– Publius, meu amigo, não apeles mais para os recursos do planeta terreno, porque todos os teus poderes terminaram com os teus despojos, na face escura e triste da Terra! Apela para Deus Todo-Poderoso, cuja misericórdia e sabedoria nos são dadas pelo amor do seu Cordeiro, que é Jesus Cristo!… 6
Emmanuel referenda o citado romance de Rochester e as duas obras Há dois mil anos e Herculânum expõem nuances de mesmos grupos de Espíritos e de outros, embora diferentes, se completam…
O importante é que passados quase dois milênios, nos encontramos no momento
[...] em que se efetuará a aferição de todos os valores terrestres para o ressurgimento das energias criadoras de um mundo novo [...].7
E na época anunciada: “Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos”. (Mateus, 22:14.)
REFERÊNCIAS:
1 KRIJANOWSKY, W. Herculânum. Pelo Espírito Conde J. W. Rochester. Trad. Manuel Quintão. 11. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. pt. 2, cap. O eremita, p. 187, 188, 190 e 191, respectivamente.
2 ____. ____. Epílogo – As sombras da cidade morta, p. 342 e 344.
3 CARVALHO, Antonio Cesar Perri de. Quintão introduziu Chico Xavier na FEB. Reformador. ano 132, n. 2.222, p. 5(259)-8(262), mai. 2014.
4 QUINTÃO, Manuel. Romaria da graça. Rio de Janeiro: FEB, 1939. p. 20-21.
5 XAVIER, Francisco C. Há dois mil anos. Pelo Espírito Emmanuel. 49. ed. 6. imp. Brasília: FEB, 2014. Na intimidade de Emmanuel – Ao leitor, p. 7.
6 ____. ____. cap. 10, Nos derradeiros minutos de Pompeia, p. 348.
7 ____. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel. 38. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2013. Introdução, p. 9.

Transcrito de www.febnet.org.br

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Palestra Pública

- Dia 25 Nov 2014 - 3ª  Feira - 19:00 horas
   OS TRABALHADORES DA ÚLTIMA HORA - Expositor: Aristides

- Dia 27 Nov 2014 - 5ª Feira - 19:00 horas
  O ABORTO NA VISÃO ESPÍRITA - Expositora: Mairla

Kardec é a Base

Kardec é a Base

Antonio Cesar Perri de Carvalho


Outubro é assinalado pela data natalícia de Allan Kardec – dia 3 -, e, tradicionalmente há muitos eventos alusivos ao Codificador durante todo o mês.
As Obras Básicas e inaugurais da Doutrina Espírita – O livro dos espíritos, O livro dos médiuns, O evangelho segundo o espiritismo, O céu e o inferno e A gênese, efetivamente representam a base e devem ser o ponto comum, de convergência, do Movimento Espírita. O espírito Emmanuel escreveu uma série de livros alusivos ao então centenário de cada Obra Básica. O espírito Bezerra de Menezes é muito claro na mensagem “Unificação”, na qual dedica sete parágrafos ao Codificador e define Kardec como a base.
“Seja Allan Kardec, não apenas crido ou sentido, apregoado ou manifestado, a nossa bandeira, mas suficientemente vivido, sofrido, chorado e realizado em nossas próprias vidas. Sem essa base é difícil forjar o caráter espírita-cristão que o mundo conturbado espera de nós pela unificação” – Bezerra de Menezes (“Unificação”, psicografia de Chico Xavier, 1963).1
A Federação Espírita Brasileira, além do ESDE e do EADE, pelo terceiro ano consecutivo, oferece cursos sobre os cinco livros básicos.
Neste ano, houve grande ênfase no Sesquicentenário de O evangelho segundo o espiritismo. Foi marcante a bem sucedida experiência da realização do 4º. Congresso Espírita Brasileiro – tendo como tema central esta obra -, e efetivado simultaneamente em quatro regiões com expressivo número de participantes presenciais e virtuais, em função das transmissões ao vivo. A FEB Editora lançou a obra histórica: a 1ª. edição de Imitação do evangelho segundo o espiritismo, em versão bi-língue e mais alguns livros relacionados com a interpretação e o estudo da obra sesquicentenária. Esta Editora tem realizado grandes esforços e até em parcerias com Entidades Federativas Estaduais para se ampliar a difusão das Obras da Codificação.
Especificamente a USE-SP promoveu 150 comemorações em várias regiões do Estado no dia 21 de setembro, e, em geral as Entidades Federativas Estaduais promoveram 52 eventos comemorativos até setembro.
O NEPE – Núcleo de Estudo e Pesquisa do Evangelho da FEB, como resultado dos seminários e programas pela TVCEI e pela atual FEBtv, já provocou repercussões concretas, com instalação de núcleos de estudo do Novo Testamento ou de O evangelho segundo o espiritismo em oito Estados do Brasil.
Referência:
1) EQUIPE SECRETARIA-GERAL DO CONSELHO FEDERATIVO NACIONAL. (Resp. Equipe: Antonio Cesar Perri de Carvalho.) Orientação aos Órgãos de Unificação. Cap. VI. Acesso: http://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/06/Orientacao-aos-Orgaos-de-Unificacao-sem-corte-1.pdf

KARDEC, OBRIGADO
Kardec, enquanto recebes as homenagens do mundo, pedimos vênia para associar nosso preito singelo de amor aos cânticos de reconhecimento que te exaltam a obra gigantesca nos domínios da libertação espiritual.
Não nos referimos aqui ao professor emérito que foste, mas ao discípulo de Jesus que possibilitou o levantamento das bases do Espiritismo Cristão, cuja estrutura desafia a passagem do tempo.
Falem outros dos títulos de cultura que te exornavam a personalidade, do prestígio que desfrutavas na esfera da inteligência, do brilho de tua presença nos fastos sociais, da glória que te ilustrava o nome, de vez que todas as referências à tua dignidade pessoal nunca dirão integralmente o exato valor de teus créditos humanos.
Reportar-nos-emos ao amigo fiel do Cristo e da Humanidade, em agradecimento pela coragem e abnegação com que te esqueceste para entregar ao mundo a mensagem da Espiritualidade Superior.
E, rememorando o clima de inquietações e dificuldades em que, a fim de reacender a luz do Evangelho, superaste injúria e sarcasmo, perseguição e calúnia, desejamos expressar-te o carinho e a gratidão de quantos edificaste para a fé na imortalidade e na sabedoria da vida.
O Senhor te engrandeça por todos aqueles que emancipaste das trevas e te faça bendito pelos que se renovaram perante o destino à força de teu verbo e de teu exemplo!…
Diante de ti, enfileiram-se, agradecidos e reverentes, os que arrebataste à loucura e ao suicídio com o facho da esperança; os que arrancaste ao labirinto da obsessão com o esclarecimento salvador; os pais desditosos que se viram atormentados por filhos insensíveis e delinquentes, e os filhos agoniados que se encontraram na vala da frustração e do abandono pela irresponsabilidade dos pais em desequilíbrio e que foram reajustados por teus ensinamentos, em torno da reencarnação; os que renasceram em dolorosos conflitos da alma e se reconheceram, por isso, esmagados de angústia nas brenhas da provação, e os quais livraste da demência, apontando-lhes as vidas sucessivas; os que se acharam arrasados de pranto, tateando a lousa na procura dos entes queridos que a morte lhes furtou dos braços ansiosos, e aos quais abriste os horizontes da sobrevivência, insuflando-lhes renovação e paz, na contemplação do futuro; os que soergueste do chão pantanoso do tédio e do desalento, conferindo-lhes, de novo, o anseio de trabalhar e a alegria de viver; os que aprenderam contigo o perdão das ofensas e abençoaram, em prece, aqueles mesmos companheiros da Humanidade que lhes apunhalaram o espírito, a golpes de insulto e de ingratidão; os que te ouviram a palavra fraterna e aceitaram com humildade a injúria e a dor por instrumento de redenção; e os que desencarnaram incompreendidos ou acusados sem crime, abraçando-te as páginas consoladoras que molharam com as próprias lágrimas…
Todos nós, os que levantaste do pó da inutilidade ou do fel do desencanto para as bênçãos da vida, estamos também diante de ti!…
E, identificando-nos na condição dos teus mais apagados admiradores e com os últimos dos teus mais pobres amigos, comovidamente, em tua festa, nós te rogamos permissão para dizer: “Kardec, obrigado!… Muito obrigado!”…

Pelo Espírito Irmão X (Humberto de Campos). Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Histórias e Anotações. Lição nº 12. Pág. 78. São Paulo: Ed. CEU. Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em homenagem, ao aniversário de Allan Kardec.