quinta-feira, 30 de julho de 2015

Consolador, Espírito de Verdade

Alguns espíritas, por vezes, questionam:"O Consolador,  Espírito de Verdade, é um Espírito, uma equipe, o próprio Cristo, ou a Doutrina Espírita?"
Allan Kardec, transcreve no item 2, do capítulo VI de "O Evangelho Segundo o  Espiritismo" e no item 35 do capítulo XVII de "A Gênese": - Se me amais, guardai os meus mandamentos; e eu rogarei a meu Pai e ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: - O Espírito de Verdade, (...) que ficará convosco e estará em vós. (...) O Consolador (...) que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vós fará recordar tudo o que vos tenho dito (João, XIV, 15 a 17 e 26)."
Buscando responder ao questionamento acima, pode-se entender que, conforme o enfoque abordado, qualquer uma das quatro hipótese é verdadeira:
     É um Espírito quando, no dia 25 de março de 1856, na casa do Sr Baudin, tendo por médium a Srta Baudim, em resposta à pergunta formulada por Kardec "Consentirás dizer-me quem és?", escreve: "Para ti chamar-me-ei Verdade e todos os meses, aqui, durante um quarto de hora, estarei à tua disposição." (Obras Póstumas" - A minha primeira iniciação no Espiritismo  - Meu guia espiritual). É também um Espírito quando assina as mensagens que psicografou e que o Codificador transcreve no prefácio e nas "Instruções dos Espíritos" nos capítulos VI e XX de "O Evangelho Segundo o Espiritismo".
     Representa uma equipe quando faz referência à falange que, sob sua supervisão, e da qual Kardec faz parte, atuou na obra da Codificação.
Pode ser, eventualmente, o próprio Cristo, coordenador maior, em todo o nosso orbe, do planejamento das revelações espirituais, como dá a entender o conteúdo das mensagens 5 e 7 contidas no capítulo VI de "O Evangelho Segundo o Espiritismo".
     
Constitui, ainda, a Doutrina Espírita, nas palavras do próprio Kardec: "O Consolador é, pois, segundo o pensamento de Jesus, a personificação de uma doutrina soberanamente consoladora, cujo inspirador há de ser o Espírito de Verdade." ("A Gênese", capítulo XVII, nº 39).
     O que desejamos enfatizar nesta oportunidade, acima de tudo, são os frutos do trabalho da equipe do Espírito de Verdade, os quais iniciaram sua consolidação no plano material no dia 18 de abril de 1857 com a publicação de "O Livro dos Espíritos", base do pentateuco espírita, uma vez que as outras quatro obras que compõem a Codificação representam o desenvolvimento de cada uma das suas quatro partes, ou seja, "O Livro dos Médiuns" (parte segunda), "O Evangelho Segundo o Espiritismo" (parte terceira), "O Céu e o Inferno" (parte quarta) e "A Gênese" (parte primeira).
     A "Revista Espírita" (1858/1859) e Livros como "Iniciação Espírita", "Viagem Espírita em 1862" e "Obras Póstumas" são também seus frutos.
    Há 158 anos, pois, com esforço impar e abnegada dedicação do Prof. Hippolyte Léon Denizard Rivail, cumpriu-se no plano físico a promessa de Jesus sobre a vinda do Consolador, Espírito de Verdade, constiuindo o relevante patrimônio espiritual contido na Terceira Revelação (a primeira veio com Moisés e a segunda com o próprio Cristo), alicerce para a regeneração da Humanidade, ou seja, para as disposições morais das pessoas se modificarem para melhor, combatendo o materislismo e exercitando virtudes.
    Agradecemos ao Pai Maior a obra portentosa da falange do Espírito de Verdade, cumprindo-nos estudá-la e vivenciar seu conteúdo para que ela, efetivamente, fique em nós para sempre.

Revista Internacional de Espiritismo, abril de 2001 - Editorial.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

NECESSIDADE DO TRABALHO


A necessidade do trabalho é uma lei da Natureza? Livro dos Espíritos - Q 674
- O Trabalho é uma lei da Natureza, pelo próprio motivo de ele ser uma necessidade. A civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque aumenta suas necessidades e prazeres.

Só se deve entender por trabalho as ocupações materiais? - Livro dos Espíritos - Q 675
- Não; o Espírito trabalha, como o corpo. Qualquer ocupação útil é um trabalho.
Na Ausência do Amor
Aquele que diz que está na luz, mas odeia o seu irmão, está nas trevas até agora. O que ama o seu irmão permanece na luz e nele não há ocasião de  queda. Mas o que odeia o seu irmão está nas trevas; caminha nas trevas, e não sabe aonde vai, porque as trevas cegaram os seus olhos.1,João, 2:9-11. (Bíblia de Jerusalém)
Sob esse título, Emmanuel analisa que as diferentes manifestações da intransigência ou fanatismo refletem uma alma enferma, doente porque escolheu  viver na ausência do amor.
Se não sabes cultivar a verdadeira fraternidade, será atacado fatalmente pelo pessimismo, tanto quanto a terra seca sofrerá o acúmulo do pó. Tudo incomoda aquele que se recolhe à intransigência. Os companheiros que fogem às tarefas do amor são profundamente tristes pelo fel de intolerância com que se alimentam. 1
Como enfermidade do Espírito, a intransigência expressa severidade ou rigor perante os comportamentos  e opiniões humanas. Em se tratando de ação política ou  religiosa, a intransigência demonstra  atitude odiosa, agressiva, a respeito daqueles de cuja opinião ou crença se diverge.
Estejamos, pois, atentos porque a intransigência não se instala abruptamente. Requer um período de incubação gradual, semelhante ao que acontece nas doenças infecciosas. Só que no caso da intransigência,  a infecção ocorre na alma.
Procuremos guardar a devida vigilância com o intuito de aprender identificar sinais reveladores dessa terrível infecção espiritual,  alguns dos quais são assim destacados por Emmanuel:
Convidados ao esforço de equipe, asseveram que os homens respiram em bancarrota moral. Trazidos ao culto da fé, supõem reconhecer, em toda parte, a maldade e a desilusão. Chamados à caridade, consideram nos irmãos de sofrimento inimigos prováveis, afastando-se irritadiços. Impelidos a essa ou àquela manifestação de contentamento, recuam desencantados, crendo surpreender a maldade e a lama nas menores exteriorizações de beleza festiva.1
O filósofo iluminista Voltaire já afirmava que a intransigência ou fanatismo “[…] é para a superstição o que o delírio é para a febre, o que a raiva é para a cólera. Aquele que tem êxtases, visões, que toma os sonhos como realidades, e suas imaginações como profecias, é um entusiasta; aquele que alimenta sua loucura com assassinato é um fanático.”
A história humana está repleta de atentados cometidos contra a Lei de Deus porque pessoas fanáticas ou intransigentes, agindo como juízes severos e frios, não hesitaram em cometer crimes, condenando à morte ou à perseguição implacável  irmãos em humanidade, simplesmente por que estes não pensam como eles. A civilização atual, contudo, indica que o ser humano evoluiu e que leis mais justas foram elaboradas, a fim de que a vida em sociedade possa estabelecer uma convivência mais pacífica.
A pessoa de bem sabe que a é preciso agir com muita prudência e espírito de benevolência perante à divergências encontradas no cenário social.
Excessos dogmáticos, lances de fanatismo, opiniões prepotentes, medidas de intolerância e injúrias teológicas podem ser considerados por enfermidades das instituições humanas, destinadas a desaparecer com a terapêutica silenciosa da evolução e do tempo, embora constituem para todos nós, os espíritas cristãos encarnados e desencarnados, constantes desafios a mais amplo serviço na sementeira da luz. 3
O maior desafio da humanidade atual  é vivenciar o amor, trilhando os caminhos da luz, libertando-se das trevas, como esclarece o apóstolo João na citação inserida no início deste texto: “o que ama o seu irmão permanece na luz e nele não há ocasião de  queda.” O  Amor é, pois a solução, o remédio salutar, a vacina eficiente, que cura e produz imunidade às enfermidades espirituais.
Quem ama o próximo sabe, acima de tudo, compreender. E quem compreende sabe livrar os olhos e os ouvidos do venenoso visco do escândalo, a fim de ajudar, em vez de acusar ou desservir.
É necessário trazer o coração sob a luz da verdadeira fraternidade, para reconhecer que somos irmãos uns dos outros, filhos de um  só Pai.4
Referências 
  1. XAVIER, Francisco Cândido. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 1 ed. 6 imp. Brasília: FEB, 2013. Cap. 158, p. 333.
  2. Dicionário filosófico. Tradução de Ciro Mioranza e Antonio Geraldo da Silva.São Paulo: editora Scala, 2008, p. 258.
  3. XAVIER, Francisco Cândido. Justiça divina. Pelo Espírito Emmanuel. 14 ed. 3 imp. Brasília: FEB, 2013. Cap. 76, p. 184.
  4. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 1 ed. 6 imp. Brasília: FEB, 2013. Cap. 159, p. 335.