quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Jan Huss: 600 anos de desencarnação

Enrique Eliseo Baldovino
henriquedefoz@uol.com.br
No dia 6 de julho de 1415 foi queimado vivo, em Constança (Germânia, futura Alemanha), o mártir Jan Huss, célebre pensador, sacerdote e reformador tcheco, nascido no ano de 1369,1 em Husinec ou Hussinecz, reino da Boêmia (hoje República Tcheca), reino que, à época, formava parte do Sacro Império Romano-Germânico.

O precursor da Reforma nasceu sob o reinado do imperador Carlos IV e sob o pontifi cado de Gregório XI, alguns anos antes do grande cisma do Ocidente, que se pode encarar como uma das sementes do hussitismo. Segundo o costume da Idade Média, Jan Huss, foi assim chamado porque nasceu em Hussinecz, pequeno burgo situado ao sul da Boêmia, no distrito de Prachen, nas fronteiras da Baviera.
Filho de pais camponeses, Jan Huss completou o seu curso na Universidade de Praga, onde se formou em Teologia (1394), em Artes (1396) e em Filosofi a (1396), fazendo-se bastante conceituado nos meios universitários. Como escritor, deu também sua grande contruibuição na fi xação da ortografi a e na reforma da língua literária tcheca.
Alguns livros de sua autoria, que sobreviveram até os nossos dias, nos idiomas latim, francês, tcheco e inglês são, entre outros: Questio de indulgentiis (1412), Explication de la foi (1412), De ecclesia (1413), Explication des saints évangiles (1413), Ortografie Česká (1857), The letters of John Hus (1904) etc.
Seguidor do reformador John Wycliffe Huss foi ordenado sacerdote em 1400 e, no ano seguinte, ocupou o cargo de reitor da Universidade de Praga, quando se aproximou da obra do reformador inglês John Wycliffe (c.1328-1384), passando a considerar-se teologicamente seu discípulo, juntamente com Jerônimo de Praga (1379-1416), seguidor de Huss. Em 1401, tornou-se pregador da capela de Belém, em Praga (capital do reino da Boêmia), e tinha o apoio do arcebispo. Jan Huss foi confessor da rainha Sofia (1376-1425), esposa do rei Venceslau.
Huss, como Wycliffe, não aceitava a supremacia papal, mas apenas a pessoa do Cristo – e não Pedro – como chefe e cabeça da Igreja, considerando o Evangelho “única lei”. Seu pensamento sobre a Igreja era influenciado fortemente por Agostinho e tinha, a respeito do clero e sua relação com a propriedade, pontos de vista semelhantes aos dos valdenses. (Sobre os valdenses, leia-se A caminho da luz, o item As advertências de Jesus, cap. 18, livro ditado pelo Espírito Emmanuel ao médium Chico Xavier, Editora FEB.)
As críticas de Jan Huss ao clero foram aos poucos evidenciando sua simpatia para com a doutrina de Wycliffe (que traduziu a Bíblia para o seu idioma nacional, a fim de pô-la ao alcance do povo), e a oposição cresceu contra Huss, sendo ele excomungado em 1410. O resultado disso foi um grande tumulto popular em Praga, quando Huss, com o apoio do rei Venceslau (1361-1419) e do povo, foi festejado como patriota e herói nacional, por ser contrário ao tráfico das indulgências, à política guerreira do Papa e à sua infalibilidade. Novamente excomungado, teve que se afastar de Praga.
A despeito das garantias de um salvo-conduto para comparecer ao Concílio de Constança (1414), foi encarcerado por vários meses numa prisão infecta, sendo condenado e queimado vivo nessa cidade, onde enfrentou a morte com grande coragem, tendo sido humilhado antes com o despojamento das vestes sacerdotais, tão logo lhe puseram na cabeça uma coroa ridícula de papel, onde escreveram a injuriosa alcunha de “heresiarca”.
Huss ainda vivia quando os seus livros foram queimados, perpetrando-se um triste auto-de-fé de suas obras (em 9/10/1861 fizeram o mesmo com os livros de Kardec, no Auto-de-fé de Barcelona, mas não conseguiram queimá-lo vivo!), as quais foram publicadas, postumamente, primeiro em Nuremberg, em 1558, e séculos depois em Praga (1903-1908, Obras completas do mestre Jan Huss), em oito volumes.
Naqueles tempos de grande intolerância, Jan Huss foi considerado o 1º mártir da liberdade religiosa, dezesseis anos antes que a heroína francesa Joana d’Arc (1412-1431) fosse queimada viva por essa mesma intolerância religiosa, e mais de cem anos antes que outro célebre reformador, o teólogo alemão Martinho Lutero (1483-1546), apresentasse suas 95 Teses, em 1517.
Os hussitas
Os seguidores de Jan Huss foram os hussitas, que tentaram impor ao país as doutrinas do reformador, combinando-as com um sentimento de forte nacionalismo tcheco, antialemão. Além da morte de Huss, que provocou ressentimentos e revoltas na Boêmia, mais dois fatores influíram na revolução que convulsionou o país: a proibição de que o povo tcheco exercesse o culto religioso, segundo suas próprias crenças e o martírio na fogueira de Jerônimo de Praga (30/5/1416), fiel discípulo de Huss.
Jan Huss também é considerado um precursor da Reforma protestante. Os hussitas aliaram-se aos luteranos no século XVI. A rebelião de 1618 dos hussitas contra a dinastia dos Habsburgos católicos deu início à Guerra dos Trinta Anos, sendo a Boêmia recatolicizada depois de sua derrota (1621). Os tchecos, porém, permaneceram nacionalistas e anticlericais – o que foi decisivo na luta secular que travaram contra os Habsburgos católicos e na conquista da sua independência, em 1918.
Jan Huss e Allan Kardec
Segundo o distinto pesquisador espírita Canuto Abreu, a notícia de Jan Huss ter reencarnado como Allan Kardec veio em 1857, através da psicografia da médium Ermance Dufaux.2 Notemos, assim, a modéstia e a humildade de Kardec, que nunca se referiu em vida a este fato. A preciosa fonte dessa notável informação estava, em 1921, na Livraria de Leymarie, onde o Dr. Canuto a copiara. Em 1925, passou para o arquivo da Maison des Spirites, tendo sido destruída pelos alemães em 1940 durante a invasão de Paris.
Sim, esta profunda revelação é digna de destaque:
o ilustre codificador Allan Kardec foi a reencarnação do pregador Jan Huss, mártir da fé e reformador da língua do seu país, como lexicógrafo emérito, sendo igualmente um eminente tradutor ao idioma tcheco. O paralelo entre as duas personalidades é realmente notável. Observemos também o período exato de 500 anos entre a data de nascimento de Huss e a de desencarnação de Kardec.
Como professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, o futuro Allan Kardec, além de preclaro educador, foi também tradutor de livros para diferentes idiomas, entre os quais se destaca: Les trois premiers livres de Télémaque en allemand (Paris: Bobée et Hingray Éditeurs, 1830), como oportunamente escrevemos nas páginas de Reformador.³
Como Kardec, foi o grande codificador da Doutrina dos Espíritos, que plasmou, de forma missionária, os elementos da emancipação e regeneração da humanidade. O mesmo Espírito, na sua autêntica vivência cristã em ambas as personalidades, teve grande intimidade com a mensagem de Jesus e o Novo Testamento, sendo o Espiritismo, desse modo, o Cristianismo Redivivo.
Há vários séculos, portanto, que esse Espírito de escol, além de se destacar por alavancar o progresso geral da Terra, vem se doando através do martírio, no generoso auxílio a todos pela vivência das elevadas propostas filosóficas, científicas e religiosas, em nome de Jesus, abordando também, em vida, as questões ortográfico-gramaticais e o importante quesito das traduções, com a mestria que lhe é peculiar.
A mensagem do Espírito Jan Huss
Lemos, na Revista Espírita de setembro de 1869, o artigo Precursores do Espiritismo – Jan Huss, uma comunicação mediúnica desse Espírito elevado, datada de 14 de agosto de 1869 e ditada em Paris,4 após ter sido evocado por um dos médiuns da Société Parisienne des Études Spirites.
Os continuadores de Kardec na direção da Revue Spirite registraram o seguinte, antes de transcrever a mensagem do Espírito Huss e depois de terem publicado algumas notícias biográficas dele, por ocasião das comemorações dos 500 anos de nascimento do grande reformador (1369-1869), notícias seguidas por uma instrução do Espírito Allan Kardec (três dias depois, em 17/8/1869), de relevante importância doutrinária:
Evocado por um de nossos médiuns, o Espírito Jan Huss deu a seguinte comunicação, que nos apressamos em mostrar aos nossos leitores, bem como uma instrução do Sr. Allan Kardec sobre o mesmo assunto, porque nos parecem bem caracterizar a natureza do homem eminente, que se ocupou com tanto ardor, desde o século quinze, a preparar os elementos da emancipação e da regeneração filosóficos da humanidade.4
(Paris, 14 de agosto de 1869)
A opinião dos homens pode dispersar-se momentaneamente,  mas a justiça de Deus, eterna e imutável, sabe recompensar, quando a justiça humana castiga perdida pela iniquidade e pelo interesse pessoal. Apenas cinco séculos – um segundo na eternidade – se passaram desde o nascimento do obscuro e modesto trabalhador e já a glória humana, à qual ele não se prende mais, substituiu a sentença infamante e a morte ignominiosa, incapazes de abalar a firmeza de suas convicções.4
Como és grande, meu Deus, e como é infinita a tua sabedoria! Sob o teu sopro poderoso minha morte tornou-se um instrumento de progresso. A mão que me feriu alcançou, com o mesmo golpe, os terríveis erros seculares de que se encharcou o espírito humano. Minha voz encontrou eco nos corações indignados pela injustiça de meus algozes, e meu sangue, derramado como um orvalho benfazejo sobre um solo generoso, fecundou e desenvolveu nos espíritos adiantados de meu tempo os princípios da eterna verdade. Eles compreenderam, refletiram, analisaram, trabalharam e, sobre bases informes, rudimentares das primeiras crenças liberais, edificaram, na sucessão das eras, doutrinas filosóficas verdadeiramente generosas, profundamente religiosas e eternamente progressivas. […]4 (Grifos nossos.)
E, mais adiante, o mesmo Espírito Huss continua sua profunda mensagem, fazendo um paralelo entre suas antigas crenças – que defendeu com heroísmo até sua morte na fogueira –, com as verdades novas, descobertas como Espírito imortal:
Aos que me pediam uma retratação, respondi que só renunciaria às minhas crenças diante de uma doutrina mais completa, mais satisfatória, mais verdadeira. Pois bem! desde esse tempo meu Espírito se engrandeceu; encontrei algo melhor do que havia conquistado e, fiel aos meus princípios, repeli sucessivamente o que minhas antigas convicções tinham de errôneo, para acolher as verdades novas, mais largas, mais consentâneas com a ideia que eu fazia da natureza e dos atributos de Deus. Espírito, progredi no espaço; voltando à Terra, progredi também. Hoje, voltando novamente à pátria das almas, estou na fila da frente ao lado de todos os que, sob este ou aquele nome, marcham sincera e ativamente para a verdade e se dedicam, de coração e de espírito, ao desenvolvimento progressivo do espírito humano.4
Obrigado a todos os que reverenciam em minha personalidade terrestre a memória de um defensor da verdade; obrigado, sobretudo, aos que sabem que, acima do homem há o Espírito, libertado pela morte dos entraves materiais, a inteligência livre que trabalha de acordo com as inteligências exiladas, a alma que gravita incessantemente para o centro de atração de todas as criações: o infinito, Deus! Jan Huss 4 (Grifos nossos.)
A mensagem do Espírito Allan Kardec
Logo após a comunicação do Espírito Jan Huss, os continuadores do codificador transcreveram a mensagem do Espírito Allan Kardec,5 da qual registramos somente alguns trechos, deixando aos leitores o cuidado de a estudarem de modo mais aprofundado, ao compulsarem diretamente as páginas históricas da Revista Espírita:
(Paris, 17 de agosto de 1869)
[…] – A tribo, ou se quiserdes, a nação, o universo avançam em idade e as balizas se multiplicam, semeando aqui e ali os princípios de verdade e de justiça que serão a partilha das gerações que chegam. Essas balizas esparsas são os precursores; eles semeiam uma ideia, desenvolvem-na durante sua vida terrena, vigiam-na e a protegem no estado de Espírito, e voltam periodicamente através dos séculos para trazerem seu concurso e sua atividade ao seu desenvolvimento.
Tal foi Jan Huss e tantos outros precursores da filosofia espírita. […]
Jan Huss encontrou no Espiritismo uma crença mais completa, mais satisfatória que suas doutrinas e o aceitou sem restrição. – Como ele, eu disse aos meus adversários e contraditores: “Fazei algo melhor e me reunirei a vós.”5
O progresso é a eterna lei dos mundos, mas jamais seremos ultrapassados por ele, porque, do mesmo modo que Jan Huss, sempre aceitaremos como nossos os princípios novos, lógicos e verdadeiros que cabe ao futuro nos revelar. Allan Kardec (Grifos nossos.)5
Precursor da filosofia espírita
O respeito de Kardec por Huss já era grande (chegou a chamá-lo “um dos precursores da filosofia espírita”), apesar de essa admiração ser silenciosa e discreta, desde a sua encarnação como codificador, conforme podemos constatar nas páginas da Revista Espírita de dezembro de 1868, item V, intitulado Comissão Central,6 ao ser abordada a Constituição transitória do Espiritismo, quando o mestre de Lyon registrou para a posteridade:
Às atribuições gerais da comissão serão anexados, como dependências locais:
1º – Uma biblioteca, onde se encontrem reunidas todas as obras que interessem ao Espiritismo e que possam ser consultadas no local, ou cedidas para leitura fora;
2º – Um museu, onde se achem colecionadas as primeiras obras de arte espírita, os trabalhos mediúnicos mais notáveis, os retratos dos adeptos a quem a causa muito deva pelo devotamento que tenham demonstrado, os dos homens a quem o Espiritismo renda homenagem, embora estranhos à Doutrina, como benfeitores da humanidade, grandes gênios missionários do progresso etc. […] 6 (Grifos dos originais.)
Neste ponto Kardec coloca a seguinte Nota de sua autoria, que visa esclarecer os belos objetos de arte que já faziam parte do futuro museu do Espiritismo:
O futuro museu já possui oito quadros de grande dimensão, que só esperam um local conveniente; verdadeiras obras-primas, especialmente executadas em vista do Espiritismo, por um artista de renome, que generosamente os doou à Doutrina. É a inauguração da arte espírita, por um homem que alia à fé sincera o talento dos grandes mestres. Em tempo hábil faremos a sua descrição detalhada. (Grifos nossos.)
Após a desencarnação de Allan Kardec, os seus continuadores na Revue Spirite revelaram finalmente o nome desses quadros,7 bem como o do artista de renome (o Sr. Monvoisin) que os executou:
Estes oito quadros compreendem: o retrato alegórico do Sr. Allan Kardec; o Retrato do autor; três cenas espíritas da vida de Joana d’Arc, assim designadas: Joana na fonte, Joana ferida e Joana sobre a sua fogueira; o Auto-de-fé de Jan Huss; um quadro simbólico das Três Revelações e a Aparição de Jesus entre os apóstolos, após sua morte corporal. […] (Destaque nosso.)
Jesus, João Huss e Allan Kardec
Em belíssima mensagem que se encontra em Reformador de setembro de 1978,8 o Espírito Humberto de Campos, através do mediunato de Chico Xavier, registra o momento sublime em que Jesus se dirige a Jan Huss, antes de reencarnar como Allan Kardec, numa assembleia de Espíritos elevados, no plano espiritual, planejando o século XIX sob as diretrizes do Cristo:
Depois de se dirigir aos numerosos missionários da Ciência e da Filosofia, destinados à renovação do pensamento do mundo no século XIX, o Mestre aproximou-se do abnegado Jan Huss e falou, generosamente:
Não serás portador de invenções novas, não te deterás no problema de comodidade material à civilização, nem receberás a mordomia do dinheiro ou da autoridade temporal, mas deponho-te nas mãos a tarefa sublime de levantar corações e consciências.
A assembleia de orientadores das atividades terrestres estava comovida. E ao passo que o antigo campeão da verdade e do bem se sentia alarmado de santas emoções, Jesus continuava: […]
É indispensável estabelecer providências que amparem a fé, preservando os tesouros religiosos da criatura. Confio-te a sublime tarefa de reacender as lâmpadas da esperança no coração da humanidade.
O Evangelho do Amor permanece eclipsado no jogo de ambições desmedidas dos homens viciosos!… Vai, meu amigo. Abrirás novos caminhos à sagrada aspiração das almas, descerrando a pesada cortina de sombras que vem absorvendo a mente humana. Na restauração da verdade, no entanto, não esperes os louros do mundo, nem a compreensão dos teus contemporâneos. […]
Ante a emoção dos trabalhadores do progresso cultural do orbe terreno, o abnegado Jan Huss recebeu a elevada missão que lhe era conferida, revelando a nobreza do servo fiel, entre júbilos de reconhecimento.
Daí a algum tempo, no albor do século XIX, nascia Allan Kardec em Lyon, por trazer a divina mensagem.
Espírito devotado, jamais olvidou o compromisso sublime. […]
[…] Ao fim da laboriosa tarefa, o trabalhador fiel triunfara.
Em breve, a doutrina consoladora dos Espíritos iluminava corações e consciências, nos mais diversos pontos do globo. […] Allan Kardec não somente pregou a doutrina consoladora; viveu-a. Não foi um simples codificador de princípios, mas um fiel servidor de Jesus e dos homens. (Grifos nossos em todos os parágrafos.)
Homenagem e conclusão
Honra, pois, a esse Espírito de escol, seja na roupagem de Allan Kardec ou na de Jan Huss (o vocábulo Huss significa, em tcheco, pato ou ganso). Acerca deste último vulto lembramos com gratidão os 600 anos do seu martírio, em prol da Verdade, homenageando-o e recordando as palavras emocionadas do mártir ao ser queimado vivo na fogueira de Constança, o qual reencarnará como Allan Kardec, o célebre codificador da Doutrina Espírita: “Hoje assais um pato, mas dia virá em que o cisne de luz voará tão alto que vossas labaredas não mais o alcançarão”.
Depois de dizer essas proféticas palavras, as chamas ardem e lhe cobrem o corpo. O valente pregador tcheco implora perdão pelo ato infame dos seus inimigos e continua orando a Deus, entregando-se a Ele de corpo e alma. Queimaram o seu corpo, mas não as suas ideias, pelas quais lutava o bom combate para reformar profundamente os maus costumes e os abusos eclesiásticos; também não conseguiram queimar o Ideal Superior que o guiou na procura e defesa da Verdade.
O local da sua morte é marcado até hoje com uma pedra memorial; suas cinzas foram atiradas nas águas do rio Reno, e na praça central de Praga erigiram, em sua homenagem, uma imponente estátua, monumento impressionante que faz jus à sua Vida e Obra, a fim de perpetuar-lhe o legado e a memória através dos tempos. Ninguém mais se lembra dos seus algozes… Jan Huss vive e viverá para sempre no sentimento coletivo da humanidade, como verdadeiro símbolo do início de uma Nova Era.
REFERÊNCIAS:
1 ENCICLOPÉDIA Mirador Internacional. Encyclopædia Britannica do Brasil. São Paulo e Rio de Janeiro, 1989. 20 volumes. 11.565 p., ilus. Editor: Antonio Houaiss. HUS (Jan), v. XI, p. 5.915.
2 IMBASSAHY, Carlos. A missão de Allan Kardec. 2. ed. Curitiba, PR: FEP, 1988. pt. I, cap. João Huss, p. 43.
3 BALDOVINO, Enrique Eliseo. O professor Rivail também foi tradutor. Reformador, ano 125, n. 2.139, p. 39(245)- 40(246), jun. 2007.
4 KARDEC, Allan. Revista espírita: jornal de estudos psicológicos. ano 12, n. 9, p. 372-374, set. 1869. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Precursores do Espiritismo – Jan Huss.
5 ____. ____. Mensagem do Espírito Allan Kardec, p. 374-375.
6 ____. ____. ano 11, n. 12, p. 525-526, dez. 1868. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Constituição Transitória do Espiritismo, it. 5; Nota de Allan Kardec, n. 56.
7 ____. ____. ano 12, n. 6, p. 250, jun. 1869. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Museu do Espiritismo.
8 XAVIER, Francisco C. Lembrando Allan Kardec. Pelo Espírito Humberto de Campos. Reformador, ano 96, n. 1.794, p. 25(293)-26(294), set. 1978.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

PALESTRA PÚBLICA

Dia 01 de setembro de 2015 - Terça Feira - 19:00 horas
Tema: A CARIDADE SEGUNDO O APOSTOLO PAULO
Expositor: ELZER CORDEIRO. (C. E. Lar de Jesus)

Dia 03 de setembro de 2015 - Quinta Feira - 19:00 horas
Tema: A EFICACIA DO PERDÃO.
Expositor: LUIZ PIRES (FEPI).

MITOS SOBRE O SUICIDIO

A Organização Mundial de Saúde aponta 10 mitos que envolvem a problemática do suicídio, que são bastante conhecidas:
Mito 1 -  As pessoas que falam sobre suicídio não farão mal a si próprias, pois querem apenas chamar a atenção. Isto é FALSO. Todas as ameaças de se fazer mal devem ser levadas muito a sério.
Mito 2 - O suicídio é sempre impulsivo e acontece sem aviso. FALSO. Morrer pelas suas próprias mãos pode parecer ter sido impulsivo, mas o suicídio pode ter sido planejado durante algum tempo. Muitos indivíduos suicidas comunicam algum tipo de mensagem verbal ou comportamental sobre as suas ideações da intenção de se fazerem mal.
Mito 3 - Os indivíduos suicidas querem mesmo morrer ou estão decididos a matar-se. FALSO – A maioria das pessoas que se sentem suicidas partilham os seus pensamentos com pelo menos uma outra pessoa, ou ligam para uma linha telefônica de emergência ou para um médico, o que constitui prova de ambivalência (desejo confuso), e não de empenho em se matar.
Mito 4 – Quando um individuo mostra sinais de melhoria ou sobrevive a uma tentativa de suicídio, está fora de perigo. FALSO. Na verdade, um dos períodos mais perigosos é imediatamente depois da crise, ou quando a pessoa está no hospital, após uma tentativa. A semana que se segue à alta do hospital é um período durante o qual a pessoa está particularmente fragilizada e em perigo de se fazer mal. A pessoa suicida muitas vezes continua em risco.
Mito 5 – O suicida é sempre hereditário. FALSO. Nem todos os suicídios podem ser associados à hereditariedade e estudos conclusivos são limitados. Uma história familiar de suicídio, no entanto, é um fator de risco importante para o comportamento suicida, particularmente em família onde a depressão é comum.
Mito 6 – Os indivíduos que tentam ou cometem suicídio têm sempre alguma perturbação mental. FALSO. Os comportamentos suicidas têm sido associados à depressão, abuso de substâncias, esquizofrenia e outras perturbações mentais, além de aos comportamentos destrutivos e agressivos. No entanto, esta associação não deve ser sobrestimada. A proporção relativa destas perturbações varia de lugar para lugar e há casos em que nenhuma perturbação mental foi detectada.
MITO 7 – Falar sobre suicídio pode dar a ideia de suicídio à pessoa. FALSO. Na verdade, reconhecer que o estado emocional do individuo é real e tenta normalizar a situação induzida pelo stress são componentes necessários para a redução da ideação suicida.
Mito 8 – O suicídio só acontece “aqueles outros tipos de pessoas”, a nós não. FALSO. O suicídio acontece a todos os tipos de pessoas e encontra-se em todos os tipos de sistemas sociais e de família.
Mito 9 – Após uma pessoa tentar cometer suicídio uma vez, nunca voltará a tentar novamente. FALSO. Na verdade, as tentativas de suicídio são um alerta para o suicídio.
Mito 10 – As crianças não cometem suicídio dado que não entende que a morte é final e são cognitivamente incapazes de se empenhar num ato suicida. FALSO. Embora seja raro, as crianças cometem suicídio e, qualquer gesto, em qualquer idade, deve ser levado muito seriamente.
Extraído de: ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS).

 Prevenção do suicídio: um recurso para conselheiros. Genebra, 2006. http://www.int/mental_health/media/conselhors_portuguese.pdf

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

SERVIR COM JESUS

Imaginemos larga região de trevas em que se arrojaram irmãos nossos imprevidentes e sofredores.
Nessa estranha paisagem repontam espinheiros agressivos e furnas inquietantes, nos quais companheiros nossos jazem agoniados, a esmorecerem de desalento e de fome.
Nada além da sombra, que lhes impede a tranquilidade e cerceia a visão . . .
Mentalizemos alguém que possui humilde lanterna, capaz de fazer luz, a descer do próprio conforto para ajudar . . .
Aqui levanta os caídos, além soergue os que chafurdam em desespero . . .
Agora, mitiga a sede dos que perderam toda a esperança, depois improvisa remédio e pão, assistência e alegria aos que gemem, angustiados, sob as garras da prova . . .
Semelhante paisagem, meus filhos, é, sem dúvida, o retrato dos padecimentos humanos e esse alguém providencial, com bastante amor para esquecer-se e alumiar os que choram ensandecidos pela névoa da ignorância ou da enfermidade, da expiação e da dor, será sempre aquele coração que use dinheiro e consolo, possibilidade e cultura no auxílio ao próximo tombado em necessidade.
Lembremos-nos disso e consoante as nossas obrigações, diante da caridade com o  Cristo, acendamos a nossa lanterna, qualquer que seja o tamanho e façamos luz.
BEZERRA
(Página psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier).

Palestra Pública


Dia 20 Ago 2015 - 19:00 horas, no Centro Espírita Lar de Jesus

Expositora: GUANA.

Tema: A FÉ TRANSPORTA MONTANHAS.

Contamos com sua presença.

A alegria do próximo começa muitas vezes no sorriso que você lhe queira dar.  André Luiz/Chico Xavier - Sinal Verde

domingo, 9 de agosto de 2015

Dia dos Pais

Parabenizamos a todos os Pais que estão contribuindo com a Obra de Deus, dando o seu trabalhos para a continuidade do progresso da raça  humana.
Parabéns Papai! 

Tons de Liderança

Discrição, serenidade, ação, resultado.

São apenas quatro vocábulos que podem bem definir o perfil do líder servidor, cujos significados colhemos do dicionário para facilitar nosso entendimento.

Discrição é a qualidade de ser discreto. Discreto é o que não chama atenção, que se comporta de maneira comedida, prudente… Não nos cabe aparecer, destacados como se fôssemos estrelas, no empreendimento em execução. O mais importante é o trabalho, a obra. O servidor é apenas o instrumento que deve se portar humildemente ante as oportunidades de desenvolvimento que lhe são ofertadas pela misericórdia divina.
Serenidade evoca sereno, caracterizado pela ausência de perturbações, agitações; tranquilo, manso, ordeiro; que denota paz e tranquilidade de espírito. Não dispensa a firmeza necessária para a tomada de decisões. Jesus possuía a habilidade extraordinária de aliar serenidade e firmeza. Por esses e muitos outros valores é considerado o maior líder de todos os tempos.
Ação refere-se à disposição para agir, fazer algo, movimentar-se. Remete ao dinamismo. Albert Einstein afirmou que “nada acontece até que algo se mova”. Para agir é necessário ter vontade, a primeira e mais importante das potências da alma, classificadas e estudadas por Léon Denis na obra O problema do ser, do destino e da dor.
Resultado é o que todos buscamos. Trata-se da consequência, do atingir o intento buscado; alcançar a meta; sentir-se realizado pela conquista. Agimos para obtenção de resultados, para atingirmos algum objetivo. As conquistas dos resultados vão dando sentido à vida e ao estímulo de viver cada vez mais entusiasmado. Nossas buscas devem-se pautar nos princípios da justiça, do amor e da verdade.
O ideal é que as quatro características caminhem juntas para uma liderança exitosa. É preciso agir discreta e serenamente para se atingir os resultados de uma verdadeira liderança servidora.
Porém, como aplicar esses conceitos no dia a dia de nossas existências, considerando que todos somos líderes?
Refletindo sobre o assunto, chegamos à conclusão de que é necessário adotar um método de trabalho que contemple três vertentes relacionadas entre si:
1ª) aproximação nas relações – aqui nos referimos a pessoas e equipes. É preciso estar junto, efetivamente unidos uns aos outros, eliminando distâncias e superando barreiras. Como nos ensina Emmanuel, vivemos em regime de condomínio espiritual, de interdependência de uns para com os outros, sendo indispensável que nos aproximemos como companheiros e irmãos. Na expressão do Cristo: os seus discípulos serão reconhecidos por muito se amarem.
2ª) alinhamento de objetivos – trata-se de processos e projetos por meio dos quais são desenvolvidos os serviços sob nossa responsabilidade. Todos nós precisamos chegar a algum ponto e quando trabalhamos em conjunto, mais que um grupo, formamos uma equipe, com visão sistêmica, e quando unida, procura atingir um fim. Em vez do individualismo, impera o coletivo. Por isso, alinhar, caminhar junto para o mesmo ponto, com auxílio recíproco, tornam-se as normas fundamentais de comando e de execução.
3ª reciprocidade nas comunicações – diz respeito aos resultados. A comunicação é uma via de mão dupla. É o mecanismo de tornar comum, como um, sendo necessário o diálogo, o entendimento, a fim de que os processos fluam e os resultados sejam alcançados. Sem comunicação não há caminho, como nos alerta Bezerra de Menezes. Assim, a reciprocidade nas comunicações é a capacidade de reconhecer que não somos donos da verdade, e que precisamos aprender a escutar, mais que falar…
A experiência tem demonstrado que quando surge um problema e chega-se a um conflito é porque houve falha em uma ou mais das vertentes relacionadas: seja na relação interpessoal/interequipes, seja falta de alinhamento nos objetivos ou dificuldades na comunicação.
Quando adotamos medidas preventivas, situações difíceis podem ser evitadas. Todavia, quando já estamos enfrentando conflitos, é necessário que o tom de liderança baseie-se na discrição e serenidade, com firmeza, para que as ações colimem os resultados esperados.
Não se trata de uma fórmula; entendemos como sendo uma proposta de valores e de métodos fundamentados nos ensinos do Evangelho de Jesus que o Espiritismo nos convida a vivenciar todos os dias.
Por essas razões, temos adotado como filosofia de ação no bem a recomendação dos amigos espirituais: VQVSCJ e SOS.
Mas, isso é assunto para outra matéria.
Geraldo Campetti Sobrinho é vice-presidente da Federação Espírita Brasileira.  
Coordenador da FEB Editora, responsável pela Biblioteca de Obras Raras e Museu da Federação. 
É apresentador do programa Livros que Iluminam da FEBtv.
Transcrito do sitio: www.febnet.org.br

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Consolador, Espírito de Verdade

Alguns espíritas, por vezes, questionam:"O Consolador,  Espírito de Verdade, é um Espírito, uma equipe, o próprio Cristo, ou a Doutrina Espírita?"
Allan Kardec, transcreve no item 2, do capítulo VI de "O Evangelho Segundo o  Espiritismo" e no item 35 do capítulo XVII de "A Gênese": - Se me amais, guardai os meus mandamentos; e eu rogarei a meu Pai e ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: - O Espírito de Verdade, (...) que ficará convosco e estará em vós. (...) O Consolador (...) que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vós fará recordar tudo o que vos tenho dito (João, XIV, 15 a 17 e 26)."
Buscando responder ao questionamento acima, pode-se entender que, conforme o enfoque abordado, qualquer uma das quatro hipótese é verdadeira:
     É um Espírito quando, no dia 25 de março de 1856, na casa do Sr Baudin, tendo por médium a Srta Baudim, em resposta à pergunta formulada por Kardec "Consentirás dizer-me quem és?", escreve: "Para ti chamar-me-ei Verdade e todos os meses, aqui, durante um quarto de hora, estarei à tua disposição." (Obras Póstumas" - A minha primeira iniciação no Espiritismo  - Meu guia espiritual). É também um Espírito quando assina as mensagens que psicografou e que o Codificador transcreve no prefácio e nas "Instruções dos Espíritos" nos capítulos VI e XX de "O Evangelho Segundo o Espiritismo".
     Representa uma equipe quando faz referência à falange que, sob sua supervisão, e da qual Kardec faz parte, atuou na obra da Codificação.
Pode ser, eventualmente, o próprio Cristo, coordenador maior, em todo o nosso orbe, do planejamento das revelações espirituais, como dá a entender o conteúdo das mensagens 5 e 7 contidas no capítulo VI de "O Evangelho Segundo o Espiritismo".
     
Constitui, ainda, a Doutrina Espírita, nas palavras do próprio Kardec: "O Consolador é, pois, segundo o pensamento de Jesus, a personificação de uma doutrina soberanamente consoladora, cujo inspirador há de ser o Espírito de Verdade." ("A Gênese", capítulo XVII, nº 39).
     O que desejamos enfatizar nesta oportunidade, acima de tudo, são os frutos do trabalho da equipe do Espírito de Verdade, os quais iniciaram sua consolidação no plano material no dia 18 de abril de 1857 com a publicação de "O Livro dos Espíritos", base do pentateuco espírita, uma vez que as outras quatro obras que compõem a Codificação representam o desenvolvimento de cada uma das suas quatro partes, ou seja, "O Livro dos Médiuns" (parte segunda), "O Evangelho Segundo o Espiritismo" (parte terceira), "O Céu e o Inferno" (parte quarta) e "A Gênese" (parte primeira).
     A "Revista Espírita" (1858/1859) e Livros como "Iniciação Espírita", "Viagem Espírita em 1862" e "Obras Póstumas" são também seus frutos.
    Há 158 anos, pois, com esforço impar e abnegada dedicação do Prof. Hippolyte Léon Denizard Rivail, cumpriu-se no plano físico a promessa de Jesus sobre a vinda do Consolador, Espírito de Verdade, constiuindo o relevante patrimônio espiritual contido na Terceira Revelação (a primeira veio com Moisés e a segunda com o próprio Cristo), alicerce para a regeneração da Humanidade, ou seja, para as disposições morais das pessoas se modificarem para melhor, combatendo o materislismo e exercitando virtudes.
    Agradecemos ao Pai Maior a obra portentosa da falange do Espírito de Verdade, cumprindo-nos estudá-la e vivenciar seu conteúdo para que ela, efetivamente, fique em nós para sempre.

Revista Internacional de Espiritismo, abril de 2001 - Editorial.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

NECESSIDADE DO TRABALHO


A necessidade do trabalho é uma lei da Natureza? Livro dos Espíritos - Q 674
- O Trabalho é uma lei da Natureza, pelo próprio motivo de ele ser uma necessidade. A civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque aumenta suas necessidades e prazeres.

Só se deve entender por trabalho as ocupações materiais? - Livro dos Espíritos - Q 675
- Não; o Espírito trabalha, como o corpo. Qualquer ocupação útil é um trabalho.
Na Ausência do Amor
Aquele que diz que está na luz, mas odeia o seu irmão, está nas trevas até agora. O que ama o seu irmão permanece na luz e nele não há ocasião de  queda. Mas o que odeia o seu irmão está nas trevas; caminha nas trevas, e não sabe aonde vai, porque as trevas cegaram os seus olhos.1,João, 2:9-11. (Bíblia de Jerusalém)
Sob esse título, Emmanuel analisa que as diferentes manifestações da intransigência ou fanatismo refletem uma alma enferma, doente porque escolheu  viver na ausência do amor.
Se não sabes cultivar a verdadeira fraternidade, será atacado fatalmente pelo pessimismo, tanto quanto a terra seca sofrerá o acúmulo do pó. Tudo incomoda aquele que se recolhe à intransigência. Os companheiros que fogem às tarefas do amor são profundamente tristes pelo fel de intolerância com que se alimentam. 1
Como enfermidade do Espírito, a intransigência expressa severidade ou rigor perante os comportamentos  e opiniões humanas. Em se tratando de ação política ou  religiosa, a intransigência demonstra  atitude odiosa, agressiva, a respeito daqueles de cuja opinião ou crença se diverge.
Estejamos, pois, atentos porque a intransigência não se instala abruptamente. Requer um período de incubação gradual, semelhante ao que acontece nas doenças infecciosas. Só que no caso da intransigência,  a infecção ocorre na alma.
Procuremos guardar a devida vigilância com o intuito de aprender identificar sinais reveladores dessa terrível infecção espiritual,  alguns dos quais são assim destacados por Emmanuel:
Convidados ao esforço de equipe, asseveram que os homens respiram em bancarrota moral. Trazidos ao culto da fé, supõem reconhecer, em toda parte, a maldade e a desilusão. Chamados à caridade, consideram nos irmãos de sofrimento inimigos prováveis, afastando-se irritadiços. Impelidos a essa ou àquela manifestação de contentamento, recuam desencantados, crendo surpreender a maldade e a lama nas menores exteriorizações de beleza festiva.1
O filósofo iluminista Voltaire já afirmava que a intransigência ou fanatismo “[…] é para a superstição o que o delírio é para a febre, o que a raiva é para a cólera. Aquele que tem êxtases, visões, que toma os sonhos como realidades, e suas imaginações como profecias, é um entusiasta; aquele que alimenta sua loucura com assassinato é um fanático.”
A história humana está repleta de atentados cometidos contra a Lei de Deus porque pessoas fanáticas ou intransigentes, agindo como juízes severos e frios, não hesitaram em cometer crimes, condenando à morte ou à perseguição implacável  irmãos em humanidade, simplesmente por que estes não pensam como eles. A civilização atual, contudo, indica que o ser humano evoluiu e que leis mais justas foram elaboradas, a fim de que a vida em sociedade possa estabelecer uma convivência mais pacífica.
A pessoa de bem sabe que a é preciso agir com muita prudência e espírito de benevolência perante à divergências encontradas no cenário social.
Excessos dogmáticos, lances de fanatismo, opiniões prepotentes, medidas de intolerância e injúrias teológicas podem ser considerados por enfermidades das instituições humanas, destinadas a desaparecer com a terapêutica silenciosa da evolução e do tempo, embora constituem para todos nós, os espíritas cristãos encarnados e desencarnados, constantes desafios a mais amplo serviço na sementeira da luz. 3
O maior desafio da humanidade atual  é vivenciar o amor, trilhando os caminhos da luz, libertando-se das trevas, como esclarece o apóstolo João na citação inserida no início deste texto: “o que ama o seu irmão permanece na luz e nele não há ocasião de  queda.” O  Amor é, pois a solução, o remédio salutar, a vacina eficiente, que cura e produz imunidade às enfermidades espirituais.
Quem ama o próximo sabe, acima de tudo, compreender. E quem compreende sabe livrar os olhos e os ouvidos do venenoso visco do escândalo, a fim de ajudar, em vez de acusar ou desservir.
É necessário trazer o coração sob a luz da verdadeira fraternidade, para reconhecer que somos irmãos uns dos outros, filhos de um  só Pai.4
Referências 
  1. XAVIER, Francisco Cândido. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 1 ed. 6 imp. Brasília: FEB, 2013. Cap. 158, p. 333.
  2. Dicionário filosófico. Tradução de Ciro Mioranza e Antonio Geraldo da Silva.São Paulo: editora Scala, 2008, p. 258.
  3. XAVIER, Francisco Cândido. Justiça divina. Pelo Espírito Emmanuel. 14 ed. 3 imp. Brasília: FEB, 2013. Cap. 76, p. 184.
  4. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 1 ed. 6 imp. Brasília: FEB, 2013. Cap. 159, p. 335.


domingo, 14 de junho de 2015

Nos Momentos Graves

Use calma. A vida pode ser um bom estado de luta, mas o estado de guerra nunca será uma vida boa.
Não delibere apressadamente. As circunstâncias, filhas dos Desígnios Superiores, modificam-nos a experiência, de minuto a minuto.
Evite lágrimas inoportunas. O pranto pode complicar os enigmas ao invés de resolvê-los.
Se você errou desastradamente, não se precipite no desespero. O reerguimento é a melhor medida para aquele que cai.
Tenha paciência. Se você não chega a dominar-se, debalde buscará o entendimento de quem não o compreenda ainda.
Se a questão é excessivamente complexa, espera mais um dia ou mais uma semana, a fim de solucioná-la. O tempo não passa em vão.
A pretexto de defender alguém, não penetre o circulo barulhento. Há pessoas que fazem muito ruído por simples questão de gosto.
Seja comedido nas resoluções e atitudes. Nos instantes graves, nossa realidade espiritual é mais visível.
Em qualquer apreciação, alusiva a segundas e terceiras pessoas, tenha cuidado. Em outras ocasiões, outras pessoas serão chamadas a fim de se referirem a você.
Em hora alguma proclame seus méritos individuais, porque qualquer qualidade excelente é muito problemática no quadro de nossas aquisições. Lembre-se de que a virtude não é uma voz que fala, e, sim, um poder que irradia.
Agenda Cristã - Espirito Andé Luiz / Chico Xavier 

Palestra Pública

- Dia 16 Junho de 2015 - 3ª Feira - 19:00 horas
   FAZER O BEM SEM OSTENTAÇÃO 
- Expositor: ELZER CORDEIRO.

- Dia 18 de Junho de 2015 - 5ª Feira - 19:00 horas
  A FORÇA TRANSFORMADORA DA DOUTRINA ESPIRITA - Expositor: SOUSA

- Dia 23 de junho de 2015 - 3ª Feira - 19:00 horas
  MUITOS OS CHAMADOS, POUCOS OS ESCOLHIDOS 
- Expositora: ELISABETH

- Dia 25 de Junho de 2015 - 19:00 horas 
O MEDICO, A DOENÇA E O ESPÍRITO -     Expositora: VALDEREZ

Verdade e Amor ou Amor e Verdade?

Marta Antunes Moura 
      A pergunta faz referência a duas mensagens de Emmanuel que constam do livro inédito Verdade e Amor, psicografia de Francisco Cândido Xavier, conjuntamente lançado pelas editoras FEB e CEU no final do último mês de abril.  A obra contém 34 mensagens transmitidas,há décadas,por diversos Espíritos, alguns bastante conhecidos dos espíritas. Os textos extrapolam o tempo, chegando até nós agora como uma abençoada dádiva que emociona e esclarece. Vale à pena conferir.
      A mensagem Verdade e Amor, inserida no capítulo três e que dá nome ao livro, demonstra de forma inequívoca a importância de se saber dosar a verdade, qualquer verdade, com amor, sobretudo quando nos deparamos com as manifestações das imperfeições do próximo.
      No texto, Emmanuel propõe ao leitorumaviagem ao tempo, à época de Jesus, mostrando-nos como o Mestre Nazareno agia ao detectar falhas do caráter das pessoas:apontava-lhes com gentileza as dificuldades morais, utilizando o critério da verdade, mas que era sempre suavizada pelo toque do amor.Para ilustrar o tema, alguns personagens do Cristianismo nascente são utilizados como exemplo. Assim, quando Madalena se aproxima de Jesus, este ao perceber de que se trata de uma alma perseguida “por sete gênios sombrios”1, “descerra-lhe ao espírito de mulher os horizontes da abnegação pura e sublime.”1
      Perante Zaqueu, “o proprietário egoísta” 1, o Senhor mostra-lhe o valor “do trabalho e da generosidade.”1Ante os equívocos de Judas, “o discípulo invigilante”1, ora por ele em silêncio.  “Negado por Pedro, o companheiro receoso”1, aguarda o momento preciso para fortalecê-lo, mais tarde,  quando o apóstolo testemunharia a sua fidelidade ao Cristo, às custas de enormes sacrifícios.
Insultado pelos filhos de Jerusalém, os beneficiários enceguecidos que absolveram Barrabás, sentenciando-o à condenação, não se entrega ao fel da censura, mas sim, roga ao Pai celeste perdão para todos eles, de vez que se achavam sob o domínio da ignorância.1
      Conduzido a Pilatos, o poderoso representante de César na Palestina, Jesus identifica o “juiz frágil”1 e, perante o tom irônico do preposto romano, apenas lhe sorri sem nada lhe responder, entregando-o, contudo, às mãos educativas do tempo. Ante o espírito cético do apóstolo Tomé, “submete-se bondoso e sereno às suas exigências infantis, dando-lhe a tocar as próprias úlceras ainda abertas.”2Sob a perseguição atroz de Saulo de Tarso, “o doutor intransigente”2, apresenta-lhe o roteiro de salvação no glorioso encontro ocorrido na estrada de Damasco.
      Ao reverpontos frágeis da personalidade dos personagens citados, algo de suma importância se destaca na mensagem de Emmanuel: não são as imperfeições de cada um deles que devemos focalizar, até porque Jesus os auxiliou e os encaminhou na vida.
      Emmanuel, após fazer a correta leitura da atitude do Mestre Nazareno, volta-se em nossa direção e nos revela que, na verdade, é possível quetenhamos um pouco, ou mais do que um pouco, de cada imperfeição identificada nos personagens sob estudo: o descontrole do impulso sexual e o mau uso das forças genésicas de Madalena; o egoísmo e o apego às posses de Zaqueu;a invigilância de Judas;  a atitude indecisa ou vacilante de Pedro; a ignorância e os insultos dos filhos de Jerusalém;  a fraqueza ou a fragilidade dos juízos de valor de Pilatos;  as dúvidas e a pouca fé de Tomé; a intransigência religiosa de Saulo de Tarso.
      Com esta mensagem, Emmanuelnos faz refletir, efetivamente, a respeito das nossas próprias falhas morais, ainda predominantes na humanidade terrestre. Ciente de tal conjectura, o esclarecido orientador espiritual não nos deixa em suspenso ou presos a meras suposições. Retoma o assunto de forma brilhante no capítulo sete do livro, intituladoAmor e Verdade, que é o inverso do título que consta no capítulo três (Verdade e Amor).
      Em Amor e Verdade, o benevolente amigo espiritual traça uma trilha de luz espiritual quando, de forma inequívoca, demonstra o que o Amor pode fazer pelo ser humano, pela sua inteligência, sempre quando se reconheceo valor do entendimento fraterno, da compaixão, do saber compreender e auxiliar. Ao final, afirma com lucidez:3
A Verdade é Luz.
Entretanto, o Amor é a própria Vida.
Nele temos a imagem da água pura que transforma o deserto em jardim.
Façamos, então, da própria alma uma fonte amiga de compreensão e fraternidade, recebendo nossos companheiros de jornada tais quais são e, filtrando para cada um deles a bênção da Verdade no Vaso do Amor puro, estaremos trilhando o caminho do Cristo, o eterno Benfeitor, que, na exaltação da Verdade, aceitou o supremo sacrifício de si mesmo, na cruz da renunciação e da morte, por acendrado Amor à humanidade inteira.4,
                                                                 REFERÊNCIAS
  1. XAVIER, Francisco Cândido. Verdade e amor. Por diversos Espíritos. 1 ed. 1imp. Brasília: FEB; São Paulo: CEU, 2015.Cap. 3 (mensagem de Emmanuel), p. 17.
  2. ______.p. 18.
  3. ______.Cap. 7, p. 29.
  4. ______.p. 30
www.febnet.org.br
Marta Antunes Moura, coordenadora das Comissões Regionais na área da Mediunidade da Federação Espírita Brasileira (FEB), Vice-presidente da FEB.