domingo, 14 de junho de 2015

Verdade e Amor ou Amor e Verdade?

Marta Antunes Moura 
      A pergunta faz referência a duas mensagens de Emmanuel que constam do livro inédito Verdade e Amor, psicografia de Francisco Cândido Xavier, conjuntamente lançado pelas editoras FEB e CEU no final do último mês de abril.  A obra contém 34 mensagens transmitidas,há décadas,por diversos Espíritos, alguns bastante conhecidos dos espíritas. Os textos extrapolam o tempo, chegando até nós agora como uma abençoada dádiva que emociona e esclarece. Vale à pena conferir.
      A mensagem Verdade e Amor, inserida no capítulo três e que dá nome ao livro, demonstra de forma inequívoca a importância de se saber dosar a verdade, qualquer verdade, com amor, sobretudo quando nos deparamos com as manifestações das imperfeições do próximo.
      No texto, Emmanuel propõe ao leitorumaviagem ao tempo, à época de Jesus, mostrando-nos como o Mestre Nazareno agia ao detectar falhas do caráter das pessoas:apontava-lhes com gentileza as dificuldades morais, utilizando o critério da verdade, mas que era sempre suavizada pelo toque do amor.Para ilustrar o tema, alguns personagens do Cristianismo nascente são utilizados como exemplo. Assim, quando Madalena se aproxima de Jesus, este ao perceber de que se trata de uma alma perseguida “por sete gênios sombrios”1, “descerra-lhe ao espírito de mulher os horizontes da abnegação pura e sublime.”1
      Perante Zaqueu, “o proprietário egoísta” 1, o Senhor mostra-lhe o valor “do trabalho e da generosidade.”1Ante os equívocos de Judas, “o discípulo invigilante”1, ora por ele em silêncio.  “Negado por Pedro, o companheiro receoso”1, aguarda o momento preciso para fortalecê-lo, mais tarde,  quando o apóstolo testemunharia a sua fidelidade ao Cristo, às custas de enormes sacrifícios.
Insultado pelos filhos de Jerusalém, os beneficiários enceguecidos que absolveram Barrabás, sentenciando-o à condenação, não se entrega ao fel da censura, mas sim, roga ao Pai celeste perdão para todos eles, de vez que se achavam sob o domínio da ignorância.1
      Conduzido a Pilatos, o poderoso representante de César na Palestina, Jesus identifica o “juiz frágil”1 e, perante o tom irônico do preposto romano, apenas lhe sorri sem nada lhe responder, entregando-o, contudo, às mãos educativas do tempo. Ante o espírito cético do apóstolo Tomé, “submete-se bondoso e sereno às suas exigências infantis, dando-lhe a tocar as próprias úlceras ainda abertas.”2Sob a perseguição atroz de Saulo de Tarso, “o doutor intransigente”2, apresenta-lhe o roteiro de salvação no glorioso encontro ocorrido na estrada de Damasco.
      Ao reverpontos frágeis da personalidade dos personagens citados, algo de suma importância se destaca na mensagem de Emmanuel: não são as imperfeições de cada um deles que devemos focalizar, até porque Jesus os auxiliou e os encaminhou na vida.
      Emmanuel, após fazer a correta leitura da atitude do Mestre Nazareno, volta-se em nossa direção e nos revela que, na verdade, é possível quetenhamos um pouco, ou mais do que um pouco, de cada imperfeição identificada nos personagens sob estudo: o descontrole do impulso sexual e o mau uso das forças genésicas de Madalena; o egoísmo e o apego às posses de Zaqueu;a invigilância de Judas;  a atitude indecisa ou vacilante de Pedro; a ignorância e os insultos dos filhos de Jerusalém;  a fraqueza ou a fragilidade dos juízos de valor de Pilatos;  as dúvidas e a pouca fé de Tomé; a intransigência religiosa de Saulo de Tarso.
      Com esta mensagem, Emmanuelnos faz refletir, efetivamente, a respeito das nossas próprias falhas morais, ainda predominantes na humanidade terrestre. Ciente de tal conjectura, o esclarecido orientador espiritual não nos deixa em suspenso ou presos a meras suposições. Retoma o assunto de forma brilhante no capítulo sete do livro, intituladoAmor e Verdade, que é o inverso do título que consta no capítulo três (Verdade e Amor).
      Em Amor e Verdade, o benevolente amigo espiritual traça uma trilha de luz espiritual quando, de forma inequívoca, demonstra o que o Amor pode fazer pelo ser humano, pela sua inteligência, sempre quando se reconheceo valor do entendimento fraterno, da compaixão, do saber compreender e auxiliar. Ao final, afirma com lucidez:3
A Verdade é Luz.
Entretanto, o Amor é a própria Vida.
Nele temos a imagem da água pura que transforma o deserto em jardim.
Façamos, então, da própria alma uma fonte amiga de compreensão e fraternidade, recebendo nossos companheiros de jornada tais quais são e, filtrando para cada um deles a bênção da Verdade no Vaso do Amor puro, estaremos trilhando o caminho do Cristo, o eterno Benfeitor, que, na exaltação da Verdade, aceitou o supremo sacrifício de si mesmo, na cruz da renunciação e da morte, por acendrado Amor à humanidade inteira.4,
                                                                 REFERÊNCIAS
  1. XAVIER, Francisco Cândido. Verdade e amor. Por diversos Espíritos. 1 ed. 1imp. Brasília: FEB; São Paulo: CEU, 2015.Cap. 3 (mensagem de Emmanuel), p. 17.
  2. ______.p. 18.
  3. ______.Cap. 7, p. 29.
  4. ______.p. 30
www.febnet.org.br
Marta Antunes Moura, coordenadora das Comissões Regionais na área da Mediunidade da Federação Espírita Brasileira (FEB), Vice-presidente da FEB.

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