Na
Ausência do Amor
Aquele que diz que está na luz, mas odeia o seu
irmão, está nas trevas até agora. O que ama o seu irmão permanece na luz e nele
não há ocasião de queda. Mas o que odeia o seu irmão está nas trevas;
caminha nas trevas, e não sabe aonde vai, porque as trevas cegaram os seus
olhos.1,João,
2:9-11. (Bíblia de Jerusalém)
Sob esse título, Emmanuel analisa que as diferentes
manifestações da intransigência ou fanatismo refletem uma alma enferma, doente
porque escolheu viver na ausência do amor.
Se não sabes cultivar a verdadeira fraternidade,
será atacado fatalmente pelo pessimismo, tanto quanto a terra seca sofrerá o
acúmulo do pó. Tudo incomoda aquele que se recolhe à
intransigência. Os companheiros que fogem às tarefas do amor são
profundamente tristes pelo fel de intolerância com que se alimentam. 1
Como enfermidade do Espírito, a intransigência
expressa severidade ou rigor perante os comportamentos e opiniões
humanas. Em se tratando de ação política ou religiosa, a intransigência
demonstra atitude odiosa, agressiva, a respeito daqueles de cuja opinião
ou crença se diverge.
Estejamos, pois, atentos porque a intransigência
não se instala abruptamente. Requer um período de incubação gradual, semelhante
ao que acontece nas doenças infecciosas. Só que no caso da intransigência,
a infecção ocorre na alma.
Procuremos guardar a devida vigilância com o
intuito de aprender identificar sinais reveladores dessa terrível infecção
espiritual, alguns dos quais são assim destacados por Emmanuel:
Convidados ao esforço de equipe, asseveram que os
homens respiram em bancarrota moral. Trazidos ao culto da fé, supõem
reconhecer, em toda parte, a maldade e a desilusão. Chamados à caridade,
consideram nos irmãos de sofrimento inimigos prováveis, afastando-se irritadiços. Impelidos
a essa ou àquela manifestação de contentamento, recuam desencantados, crendo
surpreender a maldade e a lama nas menores exteriorizações de beleza festiva.1
O filósofo iluminista Voltaire já afirmava que a
intransigência ou fanatismo “[…] é para a superstição o que o delírio é para a
febre, o que a raiva é para a cólera. Aquele que tem êxtases, visões, que toma
os sonhos como realidades, e suas imaginações como profecias, é um entusiasta;
aquele que alimenta sua loucura com assassinato é um fanático.”2
A história humana está repleta de atentados
cometidos contra a Lei de Deus porque pessoas fanáticas ou intransigentes,
agindo como juízes severos e frios, não hesitaram em cometer crimes, condenando
à morte ou à perseguição implacável irmãos em humanidade, simplesmente
por que estes não pensam como eles. A civilização atual, contudo, indica que o
ser humano evoluiu e que leis mais justas foram elaboradas, a fim de que a vida
em sociedade possa estabelecer uma convivência mais pacífica.
A pessoa de bem sabe que a é preciso agir com muita
prudência e espírito de benevolência perante à divergências encontradas no
cenário social.
Excessos dogmáticos, lances de fanatismo, opiniões
prepotentes, medidas de intolerância e injúrias teológicas podem ser
considerados por enfermidades das instituições humanas, destinadas a
desaparecer com a terapêutica silenciosa da evolução e do tempo, embora
constituem para todos nós, os espíritas cristãos encarnados e desencarnados,
constantes desafios a mais amplo serviço na sementeira da luz. 3
O maior desafio da humanidade atual é
vivenciar o amor, trilhando os caminhos da luz, libertando-se das trevas, como
esclarece o apóstolo João na citação inserida no início deste texto: “o que
ama o seu irmão permanece na luz e nele não há ocasião de queda.” O
Amor é, pois a solução, o remédio salutar, a vacina eficiente, que cura e
produz imunidade às enfermidades espirituais.
Quem ama o próximo sabe, acima de tudo,
compreender. E quem compreende sabe livrar os olhos e os ouvidos do venenoso
visco do escândalo, a fim de ajudar, em vez de acusar ou desservir.
É necessário trazer o coração sob a luz da verdadeira fraternidade, para reconhecer que somos irmãos uns dos outros, filhos de um só Pai.4
É necessário trazer o coração sob a luz da verdadeira fraternidade, para reconhecer que somos irmãos uns dos outros, filhos de um só Pai.4
Referências
- XAVIER,
Francisco Cândido. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 1 ed. 6 imp.
Brasília: FEB, 2013. Cap. 158, p. 333.
- Dicionário
filosófico. Tradução
de Ciro Mioranza e Antonio Geraldo da Silva.São Paulo: editora Scala,
2008, p. 258.
- XAVIER,
Francisco Cândido. Justiça divina. Pelo Espírito Emmanuel. 14 ed. 3
imp. Brasília: FEB, 2013. Cap. 76, p. 184.
- Fonte
viva. Pelo
Espírito Emmanuel. 1 ed. 6 imp. Brasília: FEB, 2013. Cap. 159, p. 335.
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