sexta-feira, 3 de abril de 2015

A Casa da Nossa Causa

Marta Antunes Moura
Abril é mês especialmente importante porque os espíritas do mundo inteiro comemoram o lançamento de O Livro dos Espíritos, por Allan Kardec, em 18 de abril de 1857. Com esta publicação, materializou–se no Planeta a era do advento do Paráclito ou Paracleto — entendido como aquele que consola ou conforta; o que encoraja e reanima; que faz reviver;  que intercede em nosso favor como um defensor —, também conhecido como o Consolador prometido por Jesus ou Espírito da Verdade, conforme dois registros do apóstolo João, aqui reproduzidos da Bíblia de Jerusalém:
  • “Se me amais, observareis meus mandamentos; e rogarei ao Pai e ele vos dará  outro Paráclito, para que convosco permaneça para sempre, o Espírito  da Verdade,  que o mundo não pôde acolher, porque não o vê nem o conhece. Vós o conheceis, porque permanece convosco. Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós.”(João, 14:19-17).
  • “Essas coisas vos disse estando entre vós. Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará  tudo  e vos recordará tudo o que vos disse. “ (João, 14:25 e 26).
           O nascimento de Francisco Cândido Xavier, carinhosamente chamado Chico Xavier, é outra data que os espíritas, sobretudo os brasileiros, lembram com afeto e gratidão. Reencarnado pela última vez em 2 de abril de 1910, Chico Xavier retornou ao plano espiritual em 30 de junho de 2002.
            Ambos os acontecimentos, lançamento de O Livro dos Espíritos e o nascimento de Francisco Cândido Xavier, marcam, de forma indelével, a promessa do Cristo, registrada por João evangelista. Mostra, sem sombra de dúvidas, que a falange do Consolador, mantida sob as sábias e amorosas orientações de Jesus, o Espírito da Verdade, é constituída por Espíritos, encarnados e desencarnados, profundamente sintonizados com a mensagem do Evangelho. Kardec e Chico Xavier são exemplos de obreiros do Senhor,  que todos nós, os espíritas, desejamos ser, um dia. Os obreiros sinceros da seara espírita são definidos em O Evangelho segundo o Espiritismo como os que “[…] houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade![…].”1
           O Programa de Cristianização da Humanidade, à luz do entendimento espírita,  conta com a participação de Espíritos devotados, pertencentes a diferentes graus evolutivos, inúmeros dos quais ainda lutando contra as próprias imperfeições, porém capazes de se manterem firmes no propósito de  jamais se afastarem do chamamento do Espírito da Verdade: “Irmãos, trabalhemos juntos e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor, ao chegar, encontre acabada a obra.” Contudo, a coordenação de um programa de tal envergadura encontra-se, certamente, nas mãos de obreiros que já superaram as más inclinações e, por isto mesmo, são conhecidos como guardiões planetários. Estes, integram a Falange luminosa de Jesus, o Espírito da Verdade que, no Brasil, está representada por “um dos seu elevados mensageiros na face do orbe terrestre”2, Ismael. O Espírito Humberto de Campos nos transmite a ordenação do Cristo quanto a missão de Ismael em terras brasileiras:
 — Ismael, manda meu coração que doravante sejas o zelador dos patrimônios imortais que constituem a Terra do Cruzeiro. Recebe-a nos teus braços de trabalhador devotado da minha seara, como a recebi no coração, obedecendo as sagradas inspirações do nosso Pai. Reúne as incansáveis falanges do Infinito, que cooperam nos ideais sacrossantos da minha doutrina, e inicia, desde já, a construção da pátria do meu ensinamento. Para aí transplantei  a árvore da minha misericórdia e espero a cultives com a tua abnegação e com o teu sublimado heroísmo [...].2
                Obviamente, toda nação e povo, no cenário da nossa humanidade, tem uma missão principal a ser cumprida no concerto das nações. E a missão especial do Brasil é a de se transformar em Pátria do Evangelho, a despeito de todos os sacrifícios que foram, são e serão impostos aos Espíritos  aqui reencarnados.
                Sabemos, no entanto, que toda missão, por menor que seja e independentemente do local geográfico enacionalidade, é executada com base em um plano/planejamento definido pelos emissários celestiais, em nome de Jesus, o Governador da Terra. Neste sentido, a Federação Espírita Brasileira foi selecionada pelo Alto, por Jesus e Ismael, como a Instituição  que seria “[...] a depositária  e diretora de todas as atividades evangélicas da Pátria do Cruzeiro. Todos os grupos doutrinários, ainda os que se lhe conservam contrários, ou indiferentes, estão ligados a ela por laços indissolúveis no mundo espiritual.”3
                  Atento a este Planejamento superior, Emmanuel — outro membro da Falange do Espírito da Verdade — definiu a necessidade dos espíritas conhecerem, em detalhes, a Codificação Espírita. Entra em cena, então,  a tarefa missionária de Chico Xavier que, por meio da sua excepcional mediunidade, a ponto de ser cognominado “antena psíquica do século”,  resgata o Evangelho de Jesus, interpretando-o segundo  o Espiritismo.
                    Não é por acaso, pois, que Emmanuel declara, peremptoriamente, em mensagem dirigida aos amigos do Centro Espírita Luiz Gonzaga, a necessidade de apoiar a Federação Espírita Brasileira, escolhida como a instituição espírita para onde escoaria a maioria da produção mediúnica do médium Francisco Candido Xavier. Destacamos, a propósito, um trecho das palavras deste admirável benfeitor espiritual:
Devemos esclarecer aos companheiros encarnados que assim agimos, em atenção a compromissos assumidos no plano superior, no sentido de colaborarmos todos no progresso e engrandecimento da Federação Espírita Brasileira, que  representa a Casa de nossa Causa, diante da qual nossos desejos devem desaparecer, por meio da renúncia sadia, ainda mesmo quando apareçam dificuldades de imediata compreensão com os trabalhadores encarnados que a dirigem e  movimentam, de vez que, acima de nós, permanece a Obra do Cristo no Espiritismo, nela mediada, cabendo-nos o dever de auxiliá-la e prestigiá-la tanto quanto seja possível, com o esquecimento de nossas próprias necessidades, pois somente assim, unidos na concórdia e no serviço incessantes, é que cooperaremos em favor da vitória do Espiritismo nas consciências. 4

Marta Antunes Moura, coordenadora das Comissões Regionais na área da Mediunidade da Federação Espírita Brasileira (FEB), Vice-presidente da FEB.

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